Na contramão do previsível. Bruno Mitre tem como conceito em sua obra o Desconstrutivismo. Com visualidade do futuro e uma expressão artística singular, o artista consegue elaborar amplamente uma materialidade lúdica entre a distorção da forma e a intuição plástica.

Sua resistência ao óbvio é silenciosa e proposital, fazendo com que sua obra penetre o espaço, tentando revelar o mistério que preside as suas metamorfoses.

Entre um vasto inventário de matérias e um grande repertório de formas e cores, a composição de seu trabalho soma-se à razão, para assim gerar uma linguagem abstrata geométrica, sem receitas teóricas nem regras ortodoxas.
Seu descontrutivismo majestoso não elimina a matéria estrutural, nem o colorido ousado que envolve o expectador como uma teia pronta a capturar sua presa.

Bruno Mitre, com sabedoria, reformula valores estéticos ao investigar a forma e a cor nos grandes cenários urbanos. Com isso, a concentração extrema de seu trabalho é inegavelmente um caso peculiar no que se refere às experiências de integração arquitetônicas no mundo contemporâneo e da literatura.

Essa integração da arte, arquitetura e literatura faz dele um artista vivo e atuante, que extrai das entranhas pictóricas expressionistas uma dose de fantasia e dramaticidade, somada a uma certeira sensibilidade sofisticada e intelectual, que o torna um pintor com vigor de excelência, tornando-se, assim, um marco positivo no cenário artístico contemporâneo.

Glauco Moraes
Crítico de arte.